Na imagem: Cabelo natural é voar. (mas você sabe disso) |
Cá estou,
depois de uma abstinência de escrita devido ao bloqueio que ainda não se foi
por completo. E ufa, que saudade. Espirrando ao tirar a poeira do meu word!
(risos)
Pois é, como
eu digo, minha escrita não é vôlei mas tá sempre bloqueada. E nem dá para fazer
um saque.
Como o título
bem diz, vou falar sobre meus amores, meus cachinhos, e como o pensamento
fez a ação de deixá-lo como está hoje.
Parece até uma
batalha medieval, e aposto que muitos podem pensar em quão fútil é eu estar
falando de cabelo como uma entidade viva, ainda mais quando tantas pessoas que
tem câncer não o tem e muitas outras abdicam do seu de boa vontade, com um
verdadeiro desapego.
Mas mesmo
assim, devo expressar o que foi para mim "assumir" meus cachos e como
está doendo a minha separação dos meus cabelos, para logo concluir com as
esperanças.
Eu sempre tive
o cabelo muito enrolado e espesso e volumoso, graças à grande quantidade de
cabelo que minha mãe sempre teve. Deus caprichou na quantidade dos cabelos dos
Freitas, isso eu afirmo com toda certeza. E cachos, não se esqueça. Ah, e o
volume (risos).
Desde pequena
ela fazia relaxamento com tioglicolato no meu cabelo, porque meu cabelo era
totalmente desproporcional ao meu rosto em questão de volume, e para
"soltar" os cachos.
Ano passado,
após passar a vida toda com a química como companheira, fora um alisamento não
muito bem sucedido aos 9, decidi entrar no que agora sei que se chama
transição, sem conhecimento algum que tenho hoje. A princípio foi tiro no
escuro, pura curiosidade de como seriam meus "verdadeiros cachos".
Queria dizer adeus ao ondulado aloirado do meu cabelo, que chamava muita
atenção por nunca ficar direito, nunca ter uma forma definida, fazendo com que
eu sempre fosse alvo de piadas não muito piadas que as pessoas lançam ao azar
sem propósito.
A expectativa
só aumentou quando a Gnoma Mestra entrou na onda de transição e foi me
apresentando ao mundo das cacheadas, que devo dizer que é um universo
totalmente diversificado e que engloba muita gente que quer sair da vida de
gastar dinheiro com algo prejudicial para o cabelo, a autoestima e até mesmo
para o corpo, acredito.
Para mim não
foi só um período de espera onde o cabelo parecia nunca crescer, foi também um
momento de reflexão, de olhar no espelho e ser capaz de aceitar que eu tinha
sim um cabelo lindo em toda sua capacidade, apenas esperando seu momento de
brilhar - perdão pelo trocadilho (risos) - e se libertar do martírio de ser
esticado até perder sua "voz". Sou dramática não?
Entretanto, é
exatamente assim que o vejo, como uma força da natureza refreada, uma
personificação física do que ainda não despertou em minha mente e que, quiçá
com o tempo, o fará.
Este ano,
depois de um ano exato que larguei de mão o uso de química, fiz o oh-tão-temido
grande corte. Todos ficaram surpresos, inclusive eu, porque não imaginaram o
quanto que eu cortaria. E quer saber, estou adorando os cachos.
Sim, é uma
batalha perdida o fator encolhimento e a saudade que fica de quando eles iam
até o quadril. Ainda tiro o cabelo do ombro, pra logo depois lembrar que ele
não estava ali para início de conversa. Ainda não alcançou os ombros, mesmo
molhado. E então eu penso com todas as minhas forças que antes ele seja como
Deus me fez do que de uma forma que me deixava insatisfeita e querendo mudar.
Jamais cogitei o "ele não voltará mesmo que eu queira" porque foi uma
decisão que eu tomei após refletir muito.
Aceitar o
processo de transição é um ato de coragem, ato este que nunca fraquejei. Nunca
desejei voltar ao que era, apesar da saudade do tamanho, prefiro vê-lo da forma
que está: cacheando até quando não passo nenhum creme, ao ponto de poder sair
na rua sem utilizar esse meio.
E por último,
só para destacar outra dificuldade do processo do grande corte, o marco inicial
e ao mesmo tempo final da transição, que é o que as pessoas falam.
Eu, como todos
que me conhecem e bem sabem, simplesmente não suporto gente que gosta de
se meter na minha vida com perguntas inconvenientes, como se eles fossem os
donos das minhas verdades. Se você não aguenta a opinião dos outros, não faça o
grande corte. Melhor, não passe nem pela transição! Porque te digo que é uma
batalha perdida contra a língua dos outros quando você resolve ir contra o
pensamento de maioria. Só força de vontade faz você sorrir daquele jeito
amarelo e sem graça diante dessas situações, e desconversar. Ou responder, se
for assim que você reage.
Por não ligar
para essas coisas, eu realmente não me importei quando perguntaram - DIVERSAS
vezes - se tinha dado cupim ou piolho no meu cabelo, pooooor que eu cortei um
cabelão daqueles ou se eu estava com calor. E saibam que as idosas que já não
estão mais na flor da idade para ter cabelos compridos são as que mais
comentarão que seu cabelo está lindo curto. Se você se lisonjeia com
facilidade, senhoras de idade são um meio de ganhar elogios na maioria das
vezes.
Claro, já li
relatos horríveis de mulheres que se viram em uma situação constrangedora
diante de comentários simplesmente ridículos e infundados como os de "você
não tem cor para ter cacho" ou o típico e corriqueiro "gente de cabelo
duro", e ainda o "cara de pobre". E isso para mim é a cereja do
bolo de gente que gosta de se meter na vida alheia. E saibam que esse tipo de
pessoa que quer te deixar para baixo está em todos os lugares. Na sua família,
seu círculo íntimo de amizades - embora essas ações provem a verdadeira
natureza de sua amizade - e círculos sociais no geral.
Portanto,
cacheadas, ignorem e respondam, sejam fortes e conscientes diante de pessoas
dessa estirpe, para cimentar a própria ascensão de vocês ao mundo dos cachos.
Pelo menos eu estou amando este novo lado meu, aproveitando o visual diferente
de tudo que estou acostumada. Se assumir cacheada é um processo pessoal, social
e político, porque como eu já destaquei antes, vai em contra o que é cultuado
como ideal e elitista. Ou seja, cabelo liso é para rico, cacheado para pobre.
Nada a ver, não?
Bom, eu sempre
termino alguma coisa sobre mim mesma falando para um público invisível, e
infelizmente fiz isso de novo (risos). Desta vez não sei como terminar esse
assunto, de verdade. Falta de prática com a escrita, quem sabe?
Até a próxima,
que será em breve e uma resenha. Esta foi a minha história de transição, muito
simples, mas em resposta à da Gau.
- se embolou? -
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